População de rua passa fome durante pandemia

Sem acesso a cuidados de prevenção, moradores de rua do Rio ficam expostos a coronavírus. Com comércio fechado e suspensão de projetos sociais, conseguir comida fica mais difícil. Nas favelas, falta de água preocupa.

"A gente tem falado que essa doença só pega fresco", diverte-se Paulo dos Santos, de 28 anos. Apesar do bom humor, o morador das ruas da Glória, bairro contínuo à Lapa, está preocupado. "Quem tem emprego consegue ir pra clínica particular. O morador de rua que pegar isso vai morrer."

Entretanto, o maior temor de Paulo e de outras pessoas que vivem em situação de rua é a fome. Além de receber ajuda de diversos moradores da região, ele conta com as quentinhas entregues por clientes de um restaurante para se alimentar diariamente. "São oito horas da noite e estou almoçando. Não costuma ser assim."
Diversas ONGs e instituições religiosas que organizavam distribuição de alimentos suspenderam atividades a fim de repensar a estratégia mais segura de realizar as entregas. Há muitos idosos atuando nesses projetos, o que implica a necessidade de conseguir novos voluntários e garantir a proteção de todos, inclusive os beneficiários das iniciativas, que costumam se aglomerar nos locais das refeições.
O fechamento de estabelecimentos comerciais na cidade a partir desta semana, deve tornar a vida da população de rua ainda mais difícil em meio à pandemia. Além de comprar alimentos nesses locais, os pontos de comércio representam a única forma de conseguirem água – não filtrada – para hidratação e higienização.

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